domingo, 22 de agosto de 2010

Balé de Almas

Na multidão confusa,
os meus olhos,
encontraram os seus
e de repente, o mundo ,
tomou nova forma,
as coisas começaram
a ter sentido
e não ouvimos mais,
o estranho alarido,
o vozerio, o corre-corre,
os empurrões dos homens atrasados,
na desordem da cidade grande.
No trânsito estacionário,
a fuligem enegrecendo a alma
dos homens nervosos.
Tudo se movendo lentamente,
a cidade toda tomada,
sem lugar para os carros,
sem lugar para os homens,
sem lugar para sentimentos puros,
só desconfiança, indiferença,
ódios, assaltos, ameaças,
desrespeito, vinditas.
De repente,
a minha alma e a tua alma
se encontraram
nesse alarido-mudo
e em longo e fraterno abraço
passamos a viver, como se fôssemos,
seres de outro mundo,
diferentes do comum dos homens da terra
pela forma
e pelo conteúdo.

Zeno Manickan

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